A
Jornada de Lutas continua seguindo em frente com toda a força pelas principais
cidades brasileiras abrindo caminho para as reivindicações da juventude
brasileira. Nesta terça-feira (2/4), o movimento que reúne mais de 40
entidades, organizações, grupos e coletivos chegou a Brasília. A capital foi
tomada por 4 mil jovens que mesmo sob o sol forte da manhã marcharam pelas ruas
da Esplanada dos Ministérios.
Aos
poucos, foram chegando estudantes de mais de 50 escolas e universidades da
região, compondo um mosaico bonito de peças diversas de um quebra cabeça
chamado juventude. Na concentração em frente a Biblioteca Nacional, rostos eram
pintados, cartazes confeccionados e uma grande faixa grafitada pela turma do
hip hop. Uma intervenção artística chamou a atenção para a denúncia sobre a
violência contra os jovens, principalmente, os negros.
O
mar de gente tomou a rua. A passeata parou em frente ao Ministério do
Desenvolvimento Agrário para que o representante do Movimento dos Trabalhadores
Sem Terra (MST), Raul Amorim, pudesse conclamar a multidão a cobrar uma reforma
agrária para o país, uma das pautas da Jornada Nacional de Lutas.
Outra
pauta principal que unifica toda a juventude brasileira é a necessidade urgente
do país investir mais recursos em sua educação pública, com a destinação dos
10% do PIB, 50% do fundo social do Pré-sal e 100% dos royalties do petróleo
exclusivamente para o setor.
POR MAIS INVESTIMENTOS E QUALIDADE NA
EDUCAÇÃO
O
estudante Leonardo Matheus (foto acima) é um dos jovens que levanta essa
bandeira. Presidente do Grêmio da sua escola, a Elefante Branco, uma das
principais de Brasília, ele tem 16 anos e sonha ver a sua instituição sem
goteiras no teto, sem falta de professores, com boas quadras poliesportivas e
qualidade em seu ensino. “Estamos todos aqui na jornada para denunciar a falta
de estrutura na nossa escola. Cerca de 400 alunos de lá estão aqui porque acreditam
que só com mais investimentos em educação será possível uma educação de
qualidade para todos”, pontuou.
Um
outro grupo de cerca de 100 estudantes também chamou a atenção. Graduandos de
Medicina da Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro, eles enfrentaram 18
horas de viagem de ônibus para participar da Jornada de Lutas e denunciar o
problema grave por qual passa a instituição. Segundo o presidente do Diretório
Acadêmico do curso, Rafael Callado, estudante do 4º período, o ano letivo ainda
não começou, embora os três meses de mensalidade tenham sido cobrados. “Já são
dois anos de crise. O grupo Galileo, que administra a universidade, não
consegue apontar solução e também o diálogo com estudantes e professores ainda
é muito restrito. Muito além da questão financeira, o que nos trouxe até
Brasília é a preocupação com a qualidade do ensino e a urgência da regulamentação
do ensino privado”.
EDUCAÇÃO É PRIORIDADE
O
presidente da UNE, Daniel Iliescu, destacou a educação como um tema central da
mobilização. “Existe uma bandeira principal que é a destinação dos royalties do
petróleo e do Fundo Social do pré-sal para financiar a educação. O investimento
de 10% do PIB na educação pode ser viável sim, desde que aproveitados os
royalties do petróleo. Queremos chamar a atenção da sociedade, do Congresso e
do governo”.
A
aprovação do Estatuto da Juventude, que será votado nesta quarta-feira (3/2) na
Comissão de Assuntos Sociais do Senado também foi pauta da Jornada. A deputada
federal Manuela d’Ávila, relatora do projeto na Câmara, participou do final da
marcha. A parlamentar destacou a atuação da juventude na pressão pelas mudanças
que o país precisa para avançar. “Essa união na luta é que mudará de fato o
Brasil. Mudamos muito nos últimos 10 anos, mas quando os movimentos sociais
saem às ruas mostram que querem ainda mais. Só mudaremos mais com a juventude
na rua. Parabéns a esses jovens que não desistem de sonhar”, disse.
A
marcha terminou em frente ao Congresso Nacional. O presidente da UNE e a
presidenta da UBES, Manuela Braga, chamaram os estudantes para ocuparem o
gramado em frente ao tradicional espelho d’água. E o mergulho conjunto que
muitos jovens deram ali não foi só diversão. Marcava aquele dia como histórico
para toda a juventude, que de forma inédita marchou e continuará caminhando
unida a partir de agora.
De
Brasília,
Rafael
Minoro
Fotos:
Fábio Bardella
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