A
principal mesa de debates do Encontro de Mulheres Estudantes da sexta-feira
(29/03) iniciou às 17 h. As convidadas foram Tatau Godinho da Secretaria de Políticas para as Mulheres(SPM), Ângela Guimarães, presidente do ConselhoNacional de Juventude (Conjuve), e Michele Santos, do Coletivo de Mulheres
Negras Candaces da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
O
presidente da UNE, Daniel Iliescu, fez a saudação inicial e agradeceu as
mulheres que constroem o EME, mesmo num calendário cheio do movimento
estudantil.
Ele
ressaltou a atual gestão de direção da UNE que afirmam a realidade presente nas
universidades brasileiras em que é a maioria feminina. “Não tenho dúvida que
neste espaço está constituído o que há de mais avançado de política e na luta
de ideia para emancipar as mulheres e nosso povo. A luta feminina é parte do
nosso todo. A luta pela emancipação só é completa se for comungada de forma
conjunta. É a luta por um horizonte igualitário para a nossa espécie”, afirmou.
Iliescu
fez ainda uma saudação especial para a companheira Helenira Rezende,
vice-presidente de UNE morta durante a guerrilha do Araguaia na década de 70, e
lembrou também de Maria Quitéria, Anita Garibaldi, entre tantas outras
guerreiras da história do país.
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MULHERES
A
representante Secretaria de Políticas para as Mulheres, Tatau Godinho, lembrou
dos grandes avanços na luta das mulheres em uma perspectiva histórica. E
ressaltou que todos os avanços inclusive a criação de uma Secretaria específica
foi fruto de um processo de lutas que foi construindo um espaço de autonomia
das mulheres e que este nunca é um processo sem possibilidades de perdas. Ou
seja, é preciso cuidar também para que não aconteça retrocessos. Para ela são
duas questões fundamentais de ganhos históricos. “Primeiro a ideia e a disputa
para que a mulher pudesse ocupar e exercer no espaço público. Romper com o
cerceamento de que a nossa função e nosso papel na sociedade era no ambiente
doméstico. O direito de estar presente no espaço público e de participar da
política”, destacou.
Depois
disso, segundo Tatau, o grande avanço das mulheres está em serem sujeitas da
sua própria vida e da sua própria história. “Das mulheres se construírem com
dependência e autodeterminação”, afirmou.
Para
ela romper barreiras significa construir tensões na sociedade. De acordo ainda
com a representante da SPM a dinâmica da desigualdade de gênero, de raça se
entrelaçam a ponto de construir relações num processo de reorganização
desordenada. “Sabemos que a opressão não atinge de maneira igual todas as
mulheres. É muito importante que ao trabalhar na construção de novas relações
sociais entendermos como opera a desigualdade? É essa compreensão que vai fazer
com que a gente pense propostas de políticas sociais ou de organização que
tenham o sentido de romper com a desigualdade de mulheres e homens”, destacou.
E
continuou: “Nós consideramos que é fundamental que o Estado tenha um papel de
intervenção para que a gente tenha capacidade de incidir sobre essas áreas. Nós
precisamos romper barreiras cotidianas, saber fazer o feminismo no dia a dia,
independente como ele se nomear.”
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA JOVENS MULHERES
Para
Angela Guimarães, que acumula as funções de presidente do Conjuve, e secretária
nacional de Juventude, o legislativa brasileiro tem conseguido discutir pautas
avançadas, como o estatuto da juventude, a PEC das domésticas, o PNE que será
aprovado, a aprovação dos royalties, entre outras.
Segundo
ela nas conferências nacionais na juventude a participação das mulheres é
massiva. “Isso se faz refletir nas nossas pautas”, garantiu. E apresentou duas
bandeiras já apresentadas Conjuve que refletem essa luta: o aborto e a garantia
do atendimento humanizado na distribuição de preservativo e da pílula do dia
seguinte.
Angela
lembrou o tempo de criação do Conjuve em 2005 e disse que o país está no seu
segundo ciclo de políticas públicas de juventude desde então.
De
acordo com a secretária temos atualmente no Brasil a maior população de jovens
da nossa história, são 51 milhões, a maior parte são mulheres com nível de
escolaridade superior aos homens. “Enquanto Conselho e secretária Nacional de
Juventude queria propor junto com a SPM um seminário nacional para discutir
políticas públicas para jovens mulheres, demandas próprias dessa parte da vida,
conflitos, e um recorte feminista nas políticas públicas num geral”, disse ela.
Sobre
o EME, Angela disse ainda que é essa organização do movimento estudantil que
tenciona o poder público. “É a garantia que os nossos projetos podem fazer
diferenças diretas na vida dos jovens”, afirmou.
JOVENS NO PODER
Para
a estudante Michele Santos, Coletivo Candaces, as universidades precisam de uma
reforma curricular que envolva questão de gênero e de raça. “Para que a gente
não continue perpetuando apenas conhecimento desenvolvido por homens e
brancos”, destacou. Michele acredita que a universidade ainda não tem um
recorte de gênero que ajude todas a continuarem dentro das universidades. “Já
foi comentado sobre as residências estudantis que não admitem alunas grávidas,
falta de creches, entre muitas outras coisas. Até mesmo no movimento estudantil
os espaços não são ocupados por mulheres e principalmente por negras”,
destacou.
Segundo
Michele ainda os jovens tem que ocupar espaços importantes agora. “Temos que
propor e exigir políticas públicas de juventude e precisamos ser empodeiradas
agora enquanto jovens”, finalizou.
Cristiane Tada
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