O
período nefasto da ditadura militar, quando centenas de jovens desapareceram,
ficará na memória de todos os brasileiros para sempre. Com o mote “Para que
nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça”, a Comissão Nacional da Verdade
(CNV) iniciou o seus trabalhos no último dia 16 de maio, para investigar as
violações dos direitos humanos durante o período de 1946 a 1988.
Agora,
entidades da sociedade civil se organizam para cobrar da Comissão Nacional da
Verdade que seu trabalho seja desempenhado. No último dia 30 de julho a CNV
recebeu de organizações da sociedade civil um vasto material, contendo
informações, documentos e sugestões para incorporar ao seu trabalho de investigação.
“A
comissão Nacional da Verdade foi montada sem que houvesse conversa com as
organizações da sociedade civil. Portanto, Apresentamos a eles alguns pontos
relevantes para nós”, explicou Betty Almeida, membro do Comitê pela Verdade,
Memória e Justiça do Distrito Federal.
Democratizar
o debate é um dos principais pontos colocados pelo documento apresentado à CNV.
Betty ressaltou a importância de, a exemplo da Comissão montada no Peru, a CNV
brasileira realizar audiências públicas “É fundamental que a sociedade tome
conhecimento de que houve a ditadura e participe do processo da Comissão”,
explicou.
UNE PRESTA HOMENAGEM COM EXPOSIÇÃO
O
período da ditadura é lembrado pelo
desaparecimento de centenas de cidadãos brasileiros, entre eles, um número
enorme de estudantes e lideranças da UNE, que travavam batalha incansável
contra o regime autoritário e antidemocrático imposto. A lista oficial de
desaparecidos durante a ditadura, com a qual a Comissão da Verdade trabalha,
contém 457 nomes. Somente no livro “Direito à Memória e à Verdade”, publicação
de 2007 da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, são mencionados mais de
100 estudantes desaparecidos ou executados.
Ao
completar seus 75 anos, a UNE prestou suas homenagens com uma instalação
dedicada à memória de alguns desses estudantes. “Levamos esse debate aos 75
anos da UNE para cobrar a Comissão Nacional da Verdade para que sejam
esclarecidas as condições e paradeiros e explicados o que aconteceu com nossos
estudantes desaparecidos, que tem em Honestino Guimarães sua maior
representação”, explicou o presidente da entidade, Daniel Iliescu.
Um
“Corredor da Verdade”, com luzes e sombras contrastando e sal grosso no chão
dava as boas vindas aos convidados da celebração. Tratava-se de uma exposição
de fotos com as silhuetas dos estudantes desaparecidos na ditadura militar.
Figuras como Edson Luís e Honestino Guimarães ultrapassavam os cartazes com
suas sombras fixadas nas paredes, como se ainda quisessem se fazer presentes.
“A
UNE, assim como essas entidades da sociedade civil, considera muito saudável
todo e qualquer esforço por democratizar esse debate na sociedade”, afirmou
Iliescu, citando casos como as Comissões da Verdade da Argentina e Uruguai, que
abriram o debate à população, envolvendo centenas de pessoas nos seus
trabalhos. “Foi importante para democratizar e amplificar a luta pela memória e
justiça”, finalizou.
Comentários
Postar um comentário