O
mundo e o Brasil a ser construído nos próximos anos foi tema de debate durante
toda a última semana, período na qual o Rio de Janeiro recebeu a Rio+20 e a
Cúpula dos Povos, eventos que resultaram em dois documentos, “O Futuro que Nós
Queremos” e “A Rio+20 que nós não queremos”, produzidos pelos chefes de estado
e pela sociedade civil, respectivamente.
Também
comprometida com o debate do futuro do país e do planeta, visando uma sociedade
mais justa, humana e igualitária, a União Nacional dos Estudantes também
produziu um importante documento, o “BRASIL + 10: NAS LUTAS ESTUDANTIS, A
CERTEZA DE UM NOVO BRASIL!”, o resultado de uma profunda reflexão sobre o país
que a juventude quer construir.
O
documento é fruto, também, dos debates do 60º Coneg da UNE, encontro que
aconteceu simultaneamente à Rio+20, no dias 15 a 17 de junho, e reuniu mais de
500 lideranças estudantis de todo o país, com a participação de cerca de 44
DCEs de universidades federais.
Além
do “Brasil+10”, também foram aprovadas outras quatro resoluções, importantes
documentos que nortearão as atividades do movimento estudantil no próximo
período, “Rio+20 – Preservar o meio ambiente, desenvolver o Brasil”; sobre as universidades brasileiras, “Plano de
qualidade, expansão e democracia das universidades brasileiras”; e duas moções,
“Moção de apoio à Comissão da Verdade na USP” e “Moção de apoio à campanha
contra uso de agrotóxicos”.
DOCUMENTO “BRASIL + 10: NAS LUTAS
ESTUDANTIS, A CERTEZA DE UM NOVO BRASIL!”
Esse,
principal documento aprovado pelo Coneg, foi construído a partir da Caravana
UNE Brasil + 10 – Educação, Desenvolvimento, Justiça Social e Ambiental, quando
os estudantes percorreram universidades de todo o país levantando o seguinte
questionamento: “Que país a juventude quer construir para os próximos 10
anos?”. Ao todo, foram mais de vinte mil estudantes envolvidos nos debates
sobre os rumos de nossa educação e nosso país.
O
texto se debruça em torno da questão da educação no país. Em meio ao debate do
Plano Nacional da Educação, a UNE entende que para garantir mudanças
estruturantes, que possibilitem a criação de um país soberano e democrático, é
fundamental um investimento robusto em educação, de 10% do PIB e 50% do fundo
social e dos Royalties do Pré-sal.
No
documento, estão discriminados cinco pontos fundamentais de luta para o
movimento estudantil: realização de uma reforma universitária, melhoria do
ensino superior brasileiro, regulamentação do ensino superior privado,
radicalização do acesso às universidades e total apoio à greve das
universidades federais.
DOCUMENTO RIO+ 20 – PRESERVAR O MEIO
AMBIENTE, DESENVOLVER O BRASIL
No
encontro, também foi aprovado um documento para a Rio+20. O texto ressalta a
importância de travar um debate sério e realista relativo às políticas
ambientais que possibilitem a adoção de responsabilidades comuns, porém
diferenciadas no que se refere a estas questões. “… os países mais poluentes do
mundo são também os mais desenvolvidos e com mais capacidade de contribuir para
as soluções das questões ambientais. E os problemas ambientais que vive o
Brasil são diferentes de muitas outras realidades...”, diz trecho do documento.
DOCUMENTO PLANO DE QUALIDADE, EXPANSÃO E
DEMOCRACIA DAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS
Estudantes
de todo o Brasil estão em luta para modificar a universidade brasileira e há
uma pauta em comum: a qualidade e a democratização da educação. Estes temas se
tornam centrais, na medida em que a qualidade da universidade brasileira não
condiz com os desafios do desenvolvimento social e humano do país e ainda não
foi alcançada uma universidade verdadeiramente democrática, uma vez que persiste
o problema de exclusão de grande parte da juventude.
O
documento apresenta exigências dos estudantes em relação à universidade no país
e também levanta as bandeiras de luta do movimento estudantil na greve das
federais: “… respostas mais efetivas do governo federal, que precisa estar mais
aberto à negociação com os estudantes, professores e técnico-administrativos,
que só poderão ser efetivadas com o aumento do investimento em educação. Por
isso se faz urgente aprovarmos o Plano Nacional de Educação que transforme a
educação da creche à pós-graduação com 10% do PIB e 50% do Fundo Social do
Pré-Sal para Educação”.
MOÇÕES DE APOIO CONTRA A CAMPANHA DE USO
DE AGROTÓXICOS E DE APOIO À COMISSÃO DA VERDADE NA USP
Duas
moções de apoio foram aprovadas, uma manifesta o apoio dos estudantes
brasileiros à Comissão da Verdade da USP, que tem a intenção de investigar as
graves violações de Direitos Humanos ocorridas na Universidade nos anos de 1964
a 1985 e seus desdobramentos, até os dias de hoje, além de promover o resgate
da memória dos perseguidos do período.
A
segunda traz o apoio dos estudantes à campanha Permanente Contra o Uso de
Agrotóxicos e Pela Vida, lançada pela Via Campesina como enfrentamento direto à
utilização de veneno na produção de alimentos, confrontando o modelo do
agronegócio e abrindo o diálogo em defesa de outro modelo para o campo
brasileiro.
“…Nós,
estudantes brasileiros, entendemos essa pauta como fundamental para garantia da
soberania alimentar de nossa nação, uma luta que tem força social, respaldada
nos grandes movimentos sociais da América latina…”, diz a nota.
Comentários
Postar um comentário