"Brasil pode crescer distribuindo" afirma Sergio Gabrielli no Aulão+10 em Salvador |
Pensar nos dez anos vindouros é a questão
que levou a Caravana UNE Brasil+10 à 12 estados ao redor do país. Vinda de Belo
Horizonte, chegou à Bahia para cumprir a
sua última etapa nonordeste e, a antepenúltima da caravana. Foi na
segunda-feira, dia 7, que a UNIJORGE, de braços abertos, recebeu o Encontro do
PROUNI e na terça, dia 8, que se concluiu mais um dia de atividades na
Universidade Federal da Bahia.
Seguida de um almoço cultural com
Acarajé, blitz estudantil no RU da universidade, exibição de filme, encontro do
CUCA e show de encerramento com a banda Tabuleiro da Baiana, o Aulão+10 abriu a
programação da caravana na UFBA. Desta vez, o convidado especial foi Sérgio
Gabrielli; Ex-presidente da Petrobrás e Secretário de Planejamento do Estado da
Bahia.
Ao longo de sua fala, Sergio discorreu
sobre os desafios que o Brasil deve enfrentar para alcançar suas expectativas
para os próximos dez anos, e falou a respeito
da trajetória política e econômica do país nos séculos passados, até
chegar aos dias de hoje. Para ele, houve uma reviravolta na história do Brasil
em termos de dominação externa.
“Enquanto a exportação era o elemento
chave no século 20, hoje em dia o que passa a ser dominante no Brasil é o
mercado interno”. Essa transformação econômica, segundo Sérgio, faz com que
novos problemas sejam desencadeados, trazendo assim, novos desafios.
Primeiramente, Sergio falou sobre as
energias não renováveis versus crescimento per capita: “O mundo moderno vive um
dilema: crescimento per capita de energia do mundo no mesmo momento que alerta
sobre a consciência socio ambiental frente às mudanças climáticas e o
aquecimento global. O petróleo e combustível dos automóveis brasileiros,
relacionado à energia e produção de etanol, é um grande dilema que vem pela
frente”.
Falando em crescimento da população: “A
manutenção do crescimento envolve recursos de investimento na educação. Em
minha opinião, quanto mais acesso à informação e mais acesso à educação formal,
mais as pessoas terão capacidade de utilizar das oportunidades. Dar
oportunidade ao máximo às pessoas é avançar estruturalmente na mudança da
sociedade e o que nós vivemos nos últimos dez anos – o PROUNI foi uma revolução
nas universidades”.
“A continuidade das políticas de
distribuição de renda, portanto, é o terceiro desafio. Vamos ter que aprofundar
porque o mercado interno vai continuar sendo fundamental para o
crescimento”.
Em seguida, conclui: “A diferença chave
do Brasil nos últimos dez anos é que não precisamos mais crescer para
distribuir. Podemos crescer distribuindo”.
Encontro do Cuca faz parte da programação da Caravana UNE
Brasil+10 em Salvador
“O CUCA é uma bandeira que luta pelo
respeito à diversidade cultural do país. Nessa caravana, a UNE traz temas que
mostram não somente a história de luta dos brasileiros, mas quais são os
elementos que unificam e caracterizam a nossa identidade cultural, rumo ao
desenvolvimento”.
Foi assim que Vic Barros,Diretora da UNE
e Coordenadora da Caravana UNE Brasil+10 definiu o CUCA no encontro com os
estudantes da Universidade Federal da Bahia, na última quinta-feira, dia 8.
Incluso à programação cultural da caravana,
o encontro aconteceu após a exibição do filme “O afeto que se encerra em nosso
peito juvenil”, documentário de Silvio Tendler que demonstra a militância do
movimento estudantil desde a formação e atuação do lendário Centro Popular de
Cultura (CPC) até chegar às atuais Bienais da UNE. Em meio a aplausos, assovios
e o auditório cheio, o filme provocou imensa identificação nos estudantes da
UFBA, seguido de uma conversa que emocionou a muitos.
O documentário, no encontro, foi tomado
como exemplo de linguagem para pensar a educação pela dramaturgia, que neste
caso é crítica e criativa. Quem iniciou o papo foi Felipe Redó, diretor do
CUCA. “A UNE enxergou a cultura como elemento que soma no papel do
desenvolvimento dos povos, podendo assim representar a história da política
brasileira através da arte”.
A Bahia foi palco da reconstrução da UNE
em 1979 e o primeiro estado que sediou a primeira Bienal de Cultura e Arte,
maior festival estudantil da América Latina, em 1999. Por isso, inclusive, a
Bahia tem sua simbologia própria para a entidade. “Além disso, este é o estado
com mais diretores da UNE nas universidades. Totalizam-se cinco só na UFBA”,
contou Vic.
A cidade de arquitetura barroca é famosa pelas
igrejas, pelas ladeiras, pelo calor. Mas sua característica principal quem
registra muito bem é Pierre Verger (pierreverger.org), fotógrafo que chegou à
Bahia em 1946 e se apaixonou pelo povo que carrega no olhar uma herança
histórica de sofrimento, resistência e superação desde a época do Brasil
colonial.
“A história de resistência da juventude
brasileira e do povo brasileiro de um modo geral é muito rica e precisa ser
contada exaustivamente para as pessoas. Porque é relembrando as paginas da nossa
história que a gente vai conseguir elevar cada vez mais o nível de consciência
política da população e transformar o que persiste errado na sociedade. Esse é
o saldo que este debate deixa pra mim”, conclui Virgínia Barros.
A Caravana UNE Brasil+10 tem se
comprometido a levar aos estados questionamentos que englobam as perspectivas
do Brasil para os próximos dez anos em termos de educação, desenvolvimento,
justiça social e ambiental. Para isso, convida todos os estudantes a
participarem de um dia inteiro de atividades nas universidades.
Na quarta-feira, dia 7, recém-chegada de
Belo Horizonte, a caravana da UNE esteve na UNIJORGE para o encontro do PROUNI,
com a presença de Valmor Bolan, Presidente da Comissão Nacional de
Acompanhamento do ProUni – (CONAP) e Daniel Iliescu, presidente da UNE. Na
quinta-feira, a UFBA também contou com o Aulão+10 com Sérgio Gabrielli;
Ex-presidente da Petrobrás e Secretário de Planejamento do Estado da Bahia;
almoço cultural com Baiana de Acarajé; blitz estudantil no RU da universidade e
show de encerramento, com a banda Tabuleiro da Baiana.
Confiram algumas fotos da Caravana UNE Brasil+10 em Salvador
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