A universidade no Brasil passa por um importante momento em sua história. Uma fase de recuperação de longos atrasos, na qual a oportunidade de ingressar no ensino superior é uma realidade
29 de outubro de 2010
Educação superior para todos
Oportunidade
O coração do sertão pernambucano percebe bem o significado de abrigar uma IES pública. Instalada desde 2002, no semi-árido, está a Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), uma das 14 novas instituições federais criadas nos últimos oito anos. Com sede em Petrolina, a quase 800 quilômetros da capital Recife, a UNIVASF (foto) oferece 21 cursos de graduação. Medicina e enfermagem estão entre as carreiras mais procuradas pelos estudantes e já provocam “uma mudança fundamental na área de saúde” dessa região de base agrária, fruticultora. Foi o que revelou o reitor da universidade, José Weber Freire Macedo.
Em entrevista para o EstudanteNet, ele contou que a chegada da universidade fez significativa diferença para os moradores desse pedaço do Vale do Rio São Francisco. “Esses cursos possibilitam que os estudantes participem ativamente dentro dos núcleos de saúde dos bairros e nos hospitais, fazendo com que o atendimento seja muito mais qualificado”, afirmou o reitor. “É uma enorme mudança na perspectiva do que significa a interiorização brasileira, pois induz um processo que se estende para dentro da sociedade, da qualidade do ensino, da exigência dos serviços que estão todos conectados à estrutura da Universidade”.
O Norte de Minas Gerais é outro exemplo das transformações, proporcionadas pelos três novos campi da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), localizados nas regiões mais pobres do estado. “Encontramos aqui doutores e técnicos de todo o país, que vieram para ajudar a construir um estado mais justo e mais solidário, com oportunidades educacionais igualitárias para todos”, afirmou o ministro Fernando Haddad na inauguração dos prédios do campus avançado do Mucuri, na cidade de Teófilo Otoni, em fevereiro de 2010. O campus I e o campus JK ficam em Diamantina e oferecem 23 cursos de graduação em suas seis faculdades.
O reitor da UFVJM, Pedro Ângelo Almeida Abril, afirmou na conversa com o EstudanteNet que é nítido para a população local que a instituição pode proporcionar melhorias a todos os moradores. "Embora a universidade seja ainda muito nova, os resultados são mais que positivos. Acolhemos estudantes de baixa renda e destinamos 50% das vagas a alunos de escolas públicas. Estamos investindo em moradias estudantis para acolher 1300 leitos nos dois campi. Os programas de pesquisas já têm inserções diretas para solucionar problemas do Vale, como a precária saúde da região". No caso dessa instituição, os cursos mais procurados são os de farmácia e odontologia, seguidos de engenharia florestal e administração.
Além de melhor qualificar os recursos humanos das diversas regiões brasileiras que carecem de acesso ao ensino superior, a interiorização da Universidade desenvolve e fixa os talentos locais e permite ainda uma maior descentralização do conhecimento produzido.
Avanços
No último período, o governo federal realizou um importante movimento de recuperação do orçamento das universidades federais e deu início a um vigoroso processo de expansão, com a implantação de 14 novas Universidades Federais e 117 Campi, além de 341 de Escolas Técnicas e Institutos Federais de Educação em todo o território nacional.
Tratando-se do ensino superior, atualmente passam de 250 mil vagas oferecidas em instituições federais brasileiras, contra 113 mil oportunidades abertas anteriormente. Os números são do Ministério da Educação. Em seu conjunto, tal política começa a impactar positivamente em todas as regiões brasileiras.
Graças ao Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), que garantiu expansão física, acadêmica e pedagógica da Rede Federal de Educação Superior, mediante concursos públicos e expressivo aumento de vagas nos cursos de graduação, a Universidade Pública Federal chegou ao interior do Brasil, em territórios e municípios carentes do conhecimento, da ciência e tecnologia e da formação de recursos humanos profissionalizados para o mercado de trabalho. Além dele, o ProUni (Programa Universidade para Todos), os institutos técnicos federais, a Universidade Aberta do Brasil e o Fies (Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) são também programas de democratização do acesso à educação.
“Comemoramos o resultado até agora de incansável luta para que todos os estudantes brasileiros tenham acesso à universidade”, concluiu o presidente da UNE. O movimento estudantil aplaude as conquistas, e sabe que há um trajeto a se seguir pela universidade pública, gratuita e de qualidade. Mas tem a certeza de que é possível.
Conheça as 14 novas universidades que foram criadas desde 2003
UFGD (2005) - http://www.ufgd.edu.br/
UFRB (2005) - http://www.ufrb.edu.br/portal/index.php
UFTM (2005) - http://www.uftm.edu.br/
UFERSA (2005) - http://www.ufersa.edu.br/
UNIFAL (2005) - http://www.efoa.br/
UFVJM (2005) - http://www.ufvjm.edu.br/
UTFPR (2005) - http://www.utfpr.edu.br/
UFABC (2006) - http://www.ufabc.edu.br/
UFCSPA (2008) - http://www.ufcspa.edu.br/
UNIPAMPA (2008) - http://www.unipampa.edu.br/portal/
UFFS (2009) - http://www.uffs.edu.br/
UFOPA (2009) - http://www.ufopa.edu.br/
UNILA (2010) - http://www.unila.edu.br/
UNILAB (2010) - Em fase de implantação - http://www.unilab.edu.br/
Patrícia Blumberg, Thatiane Ferrari e Sandra Cruz
Educação superior para todos
“O acesso à universidade é ainda uma marca negativa na história da educação brasileira. A universidade, desde sua origem, foi criada para poucos. Mas, nos últimos anos, temos conquistado avanços importantes nesse sentido”, aponta o presidente da UNE, Augusto Chagas.
Pode-se atribuir esse progresso, entre outras iniciativas, à expansão e interiorização dos campi de instituições de ensino superior (IES), cujo compromisso é atender estudantes de áreas remotas, além de formar profissionais qualificados para atuar nesses mesmos locais. Jovens das classes mais populares têm pela primeira vez a oportunidade de estudar com qualidade e permanecer na região de origem. É a universidade cumprindo seu papel e respondendo às demandas da sociedade. Oportunidade
O coração do sertão pernambucano percebe bem o significado de abrigar uma IES pública. Instalada desde 2002, no semi-árido, está a Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), uma das 14 novas instituições federais criadas nos últimos oito anos. Com sede em Petrolina, a quase 800 quilômetros da capital Recife, a UNIVASF (foto) oferece 21 cursos de graduação. Medicina e enfermagem estão entre as carreiras mais procuradas pelos estudantes e já provocam “uma mudança fundamental na área de saúde” dessa região de base agrária, fruticultora. Foi o que revelou o reitor da universidade, José Weber Freire Macedo.
Em entrevista para o EstudanteNet, ele contou que a chegada da universidade fez significativa diferença para os moradores desse pedaço do Vale do Rio São Francisco. “Esses cursos possibilitam que os estudantes participem ativamente dentro dos núcleos de saúde dos bairros e nos hospitais, fazendo com que o atendimento seja muito mais qualificado”, afirmou o reitor. “É uma enorme mudança na perspectiva do que significa a interiorização brasileira, pois induz um processo que se estende para dentro da sociedade, da qualidade do ensino, da exigência dos serviços que estão todos conectados à estrutura da Universidade”.
O Norte de Minas Gerais é outro exemplo das transformações, proporcionadas pelos três novos campi da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), localizados nas regiões mais pobres do estado. “Encontramos aqui doutores e técnicos de todo o país, que vieram para ajudar a construir um estado mais justo e mais solidário, com oportunidades educacionais igualitárias para todos”, afirmou o ministro Fernando Haddad na inauguração dos prédios do campus avançado do Mucuri, na cidade de Teófilo Otoni, em fevereiro de 2010. O campus I e o campus JK ficam em Diamantina e oferecem 23 cursos de graduação em suas seis faculdades.
O reitor da UFVJM, Pedro Ângelo Almeida Abril, afirmou na conversa com o EstudanteNet que é nítido para a população local que a instituição pode proporcionar melhorias a todos os moradores. "Embora a universidade seja ainda muito nova, os resultados são mais que positivos. Acolhemos estudantes de baixa renda e destinamos 50% das vagas a alunos de escolas públicas. Estamos investindo em moradias estudantis para acolher 1300 leitos nos dois campi. Os programas de pesquisas já têm inserções diretas para solucionar problemas do Vale, como a precária saúde da região". No caso dessa instituição, os cursos mais procurados são os de farmácia e odontologia, seguidos de engenharia florestal e administração.
Além de melhor qualificar os recursos humanos das diversas regiões brasileiras que carecem de acesso ao ensino superior, a interiorização da Universidade desenvolve e fixa os talentos locais e permite ainda uma maior descentralização do conhecimento produzido.
Avanços
No último período, o governo federal realizou um importante movimento de recuperação do orçamento das universidades federais e deu início a um vigoroso processo de expansão, com a implantação de 14 novas Universidades Federais e 117 Campi, além de 341 de Escolas Técnicas e Institutos Federais de Educação em todo o território nacional.
Tratando-se do ensino superior, atualmente passam de 250 mil vagas oferecidas em instituições federais brasileiras, contra 113 mil oportunidades abertas anteriormente. Os números são do Ministério da Educação. Em seu conjunto, tal política começa a impactar positivamente em todas as regiões brasileiras.
Graças ao Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), que garantiu expansão física, acadêmica e pedagógica da Rede Federal de Educação Superior, mediante concursos públicos e expressivo aumento de vagas nos cursos de graduação, a Universidade Pública Federal chegou ao interior do Brasil, em territórios e municípios carentes do conhecimento, da ciência e tecnologia e da formação de recursos humanos profissionalizados para o mercado de trabalho. Além dele, o ProUni (Programa Universidade para Todos), os institutos técnicos federais, a Universidade Aberta do Brasil e o Fies (Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) são também programas de democratização do acesso à educação.
“Comemoramos o resultado até agora de incansável luta para que todos os estudantes brasileiros tenham acesso à universidade”, concluiu o presidente da UNE. O movimento estudantil aplaude as conquistas, e sabe que há um trajeto a se seguir pela universidade pública, gratuita e de qualidade. Mas tem a certeza de que é possível.
Conheça as 14 novas universidades que foram criadas desde 2003
UFGD (2005) - http://www.ufgd.edu.br/
UFRB (2005) - http://www.ufrb.edu.br/portal/index.php
UFTM (2005) - http://www.uftm.edu.br/
UFERSA (2005) - http://www.ufersa.edu.br/
UNIFAL (2005) - http://www.efoa.br/
UFVJM (2005) - http://www.ufvjm.edu.br/
UTFPR (2005) - http://www.utfpr.edu.br/
UFABC (2006) - http://www.ufabc.edu.br/
UFCSPA (2008) - http://www.ufcspa.edu.br/
UNIPAMPA (2008) - http://www.unipampa.edu.br/portal/
UFFS (2009) - http://www.uffs.edu.br/
UFOPA (2009) - http://www.ufopa.edu.br/
UNILA (2010) - http://www.unila.edu.br/
UNILAB (2010) - Em fase de implantação - http://www.unilab.edu.br/
Patrícia Blumberg, Thatiane Ferrari e Sandra Cruz
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